Estou sempre com a cabeça cheia, cheia de coisas
que dariam bons textos, se fossem reflexões completas, não costumo escrever
fragmentos pois minha tendência é nunca completá-los, ou pior, a esquecê-los,
mas pego-me aqui em meu quarto com o sono interrompido por um despertador que
esqueci de desligar e com o cérebro se recusando a entrar em stand-by.
Decidi então falar sobre coisas que me vem ocupando a mente nos últimos dias e
principalmente noites, é tanta coisa que nem sei por onde começar. Pelos sonhos
talvez? Tenho tido sonhos dignos de Hollywood, diversas coisas acontecendo ao
mesmo tempo em diversos cenários com diversas pessoas, um corre-corre de filme
de ação com direito a perseguição sabe-se lá de quem. Vi fatos, locais e
pessoas de minha infância misturados com os de minha vida atual, talvez pelo
fato de andar bastante saudosista nos últimos tempos. Ando me sentindo só,
porque realmente tenho passado muitas horas sozinha, nessas horas,
curiosamente, eu sinto muito mais falta das pessoas que não vejo há muito tempo
do que das que mais me fazem companhia, é nessas horas que me acabo de rir cheia
de lágrimas nos olhos me lembrando das conversinhas nos corredores do colégio,
daquelas rodinhas em que surgia todo tipo de assunto, saudade de quando eu
achava estressante a vida dura da escola, saudade de quando aquilo era ter uma
vida dura. Sinto saudade da infância, andar de bicicleta, brincar de boneca no
quintal inventando verdadeiras histórias de novela, gastar caixas e mais caixas
de lápis de cor... É engraçado, naquela época vivíamos 6 em uma casa bem menor
do que a que hoje vivemos apenas 3, talvez por isso acabe me sentindo só, pelo
menos ainda vejo meus irmãos mais velhos toda semana.
Nesses dias de saudade não pude deixar de dar
espaço para a minha maior saudade: meu pai. Meu pai foi a pessoa mais feliz que
eu já conheci e geralmente eu sorrio quando penso nele, apenas uma lembrança
(que na verdade é um conjunto) me faz chorar, e me fez chorar esses dias. Certa
vez, quando era pequena me espalhei no sofá junto com ele na hora da novela e
encostei minha cabeça em seu peito, quando falei da força com que o coração
dele batia ele me respondeu que era a força do amor dele por mim. Cresci com o
costume de assistir a qualquer novela que passasse à noite junto com ele, na
mesma posição, ouvindo seu coração, em nenhuma outra ocasião eu me sentia tão amada.
Infelizmente eu só me dei conta da importância que esse velho costume tinha pra
mim depois que ele morreu, e é por isso que eu choro, pois esta saudade vem
mesclada com tristeza.
No mais tenho deixado os pensamentos tristes de
lado e tentado focar meu cérebro que acha mesmo que estou de férias e posso me
dar ao luxo de ficar engordando na frente de um computador jogando Song Pop,
dai vem a ânsia por leituras, por exercícios físicos e por criação, meu cérebro
pede pra criar e pra isso preciso de corpo e mente saudáveis... O desafio é,
sair do fundo do poço e ligar minhas baterias no 220, adeus ócio!