quarta-feira, 27 de junho de 2012

"...na mão é vendaval..."

Minha mãe costuma dizer que dinheiro não compra felicidade, mas compra algo tão parecido que a gente acaba se confundindo, eu digo que dinheiro compra boa parte dos meios pra se atingir a felicidade. É claro que dinheiro não compra o sorriso de quem você gosta, muito menos o que você sente por esta pessoa, afinal, não dá pra colocar dinheiro no mesmo patamar de coisas tão puras. Sei também da quantidade de sujeira em que o dinheiro está envolto, nesse mundo em que vivemos riqueza é sinônimo de poder, e os poderosos... bem, os poderosos vocês sabem né.
Mas... nesse “capitalismo selvagem” quem consegue algo sem dinheiro? Pois é, até aquele sorriso de quem você gosta, mas que não pode comprar, pode ser conseguido indiretamente através dele, experimente comprar pra quem você gosta um presente pelo qual ele/ela esperou muito, experimente mais ainda a sensação de ver o sorriso naquele rosto, é o famoso “há mais felicidade em dar do que há em receber”. E tem muito mais que isso, só pagando você tem direito ler o último livro do seu autor favorito, ou ir ao novo show do seu ídolo da música. Vai dizer que em situações assim você não se sente feliz? E aquele encontro com os amigos que não vê há tempos? Difícil acontecer se você tiver sem grana, de barzinho à cineminha, tudo você (ou alguém por você) precisa pagar.
No fim das contas o temos como um mal necessário, um dos aspectos 'sad but true' da vida. Vocês conseguem imaginar um mundo sem dinheiro? Eu, inelizmente, não.

sábado, 16 de junho de 2012

"com a cabeça nas núvens e os pés no chão"

Estou sempre com a cabeça cheia, cheia de coisas que dariam bons textos, se fossem reflexões completas, não costumo escrever fragmentos pois minha tendência é nunca completá-los, ou pior, a esquecê-los, mas pego-me aqui em meu quarto com o sono interrompido por um despertador que esqueci de desligar e com o cérebro se recusando a entrar em stand-by.
Decidi então falar sobre coisas que me vem ocupando a mente nos últimos dias e principalmente noites, é tanta coisa que nem sei por onde começar. Pelos sonhos talvez? Tenho tido sonhos dignos de Hollywood, diversas coisas acontecendo ao mesmo tempo em diversos cenários com diversas pessoas, um corre-corre de filme de ação com direito a perseguição sabe-se lá de quem. Vi fatos, locais e pessoas de minha infância misturados com os de minha vida atual, talvez pelo fato de andar bastante saudosista nos últimos tempos. Ando me sentindo só, porque realmente tenho passado muitas horas sozinha, nessas horas, curiosamente, eu sinto muito mais falta das pessoas que não vejo há muito tempo do que das que mais me fazem companhia, é nessas horas que me acabo de rir cheia de lágrimas nos olhos me lembrando das conversinhas nos corredores do colégio, daquelas rodinhas em que surgia todo tipo de assunto, saudade de quando eu achava estressante a vida dura da escola, saudade de quando aquilo era ter uma vida dura. Sinto saudade da infância, andar de bicicleta, brincar de boneca no quintal inventando verdadeiras histórias de novela, gastar caixas e mais caixas de lápis de cor... É engraçado, naquela época vivíamos 6 em uma casa bem menor do que a que hoje vivemos apenas 3, talvez por isso acabe me sentindo só, pelo menos ainda vejo meus irmãos mais velhos toda semana.
Nesses dias de saudade não pude deixar de dar espaço para a minha maior saudade: meu pai. Meu pai foi a pessoa mais feliz que eu já conheci e geralmente eu sorrio quando penso nele, apenas uma lembrança (que na verdade é um conjunto) me faz chorar, e me fez chorar esses dias. Certa vez, quando era pequena me espalhei no sofá junto com ele na hora da novela e encostei minha cabeça em seu peito, quando falei da força com que o coração dele batia ele me respondeu que era a força do amor dele por mim. Cresci com o costume de assistir a qualquer novela que passasse à noite junto com ele, na mesma posição, ouvindo seu coração, em nenhuma outra ocasião eu me sentia tão amada. Infelizmente eu só me dei conta da importância que esse velho costume tinha pra mim depois que ele morreu, e é por isso que eu choro, pois esta saudade vem mesclada com tristeza.
No mais tenho deixado os pensamentos tristes de lado e tentado focar meu cérebro que acha mesmo que estou de férias e posso me dar ao luxo de ficar engordando na frente de um computador jogando Song Pop, dai vem a ânsia por leituras, por exercícios físicos e por criação, meu cérebro pede pra criar e pra isso preciso de corpo e mente saudáveis... O desafio é, sair do fundo do poço e ligar minhas baterias no 220, adeus ócio!

sábado, 2 de junho de 2012

What a different world

Ela sempre se incomodara com as diferenças, não suportava quem pensasse de outra forma, se vestisse fora de seus padrões, vivesse segundo outros princípios, gostasse do que ela não gostasse... Ainda relutando em abrir os olhos e encarar a luz que insistia em entrar pela janela e anunciar que mais um árduo dia chegara, ela notou que o ar ao seu redor mudara, e gostou daquilo. Abrindo definitivamente os olhos viu tudo como sempre sonhou em ver ao acordar em uma Segunda-Feira de manhã. Tudo perfeitamente no lugar, ao seu alcance, agilizando sua saída para o trabalho, nada perdido, nada esquecido, café pronto...
Ao olhar o espelho viu-se pronta, fios de cabelo no lugar, sem batom no dente, sem manchinha no blazer, era a hora de encarar o mundo lá fora. Pela primeira vez, ver tudo diferente não a incomodou, as diferenças seguiam alegremente seu padrão, todos os carros no estacionamento eram da mesma marca, modelo e cor que ela adorava, e se ela já não soubesse qual era sua vaga seria difícil distinguir qual era o seu, sua saída ao trabalho lhe parecia um passeio, tudo era lindo aos seus olhos, as pessoas se vestiam bem, andavam na velocidade certa, acompanhados pelas pessoas certas, as casas não tinham mais aquelas cores horríveis de mal gosto, eram todas iguais. Todos os escritórios que tratavam de negócios imobiliários pareciam com aquele para o qual ela não tivera competência para ser admitida, dessa forma, aquele onde ela trabalhava agora, finalmente, era o emprego dos sonhos. Antes de entrar em sua sala reparou que todos usavam o mesmo delicioso perfume, que ela amava, pois lembrava seu pai, notou ainda que todas as colegas de trabalho haviam optado por trajes bem semelhantes aos dela, nos mesmos tons pastéis, que aliás, também estavam nas paredes internas do prédio. Os homens vestiam-se com ternos pretos, com camisas brancas e gravatas discretas, talvez todos usassem a mesma cor de gravata.