Há alguns meses eu li "A História Sem Fim", livro de 1979, do alemão Michael Ende. Li este livro pouco depois de ouvir alguém falar que não há porque ter livros na estante, principalmente hoje em dia que tudo é digital, se eles só servem pra virar depósitos de poeira. E eu pensei: "Quem disse que meus livros são só depósitos de poeira? Mal sabem a quantidade de vezes que eu namoro aqueles livros que já li faz tempo." Eu já achava importante ler o mesmo livro mais de uma vez e por isso tê-los sempre por perto, mas há alguns meses descobri que este hábito é fundamental e justifica demais ter livros na estante.
“A História Sem Fim”, que além de uma narrativa incrível sobre heróis num reino de fantasia, que rendeu três adaptações cinematográficas entre os anos 80 e 90, traz reflexões valiosas para todos os amantes da literatura, das histórias, da fantasia. Dentre muitas lições, a mais importante é sem dúvida, a compreensão de que nenhuma história tem fim.
O momento do livro em que entendemos o título “A História Sem Fim”, nos ensina não só porque aquela história não terminará, mas o porquê de todas as histórias terem o potencial de serem infinitas. Aprendemos que toda história é sem fim porque ela recomeça sempre que é contada de novo e é modificada sempre que é contada de novo. Temos a capacidade de interferir em cada história que lemos através da nossa interpretação, por isso, a cada leitura a história muda. Você nunca lerá exatamente o que o autor escreveu, nem o que outra pessoa leu. E, principalmente, nunca lerá novamente o mesmo que da última vez que leu o livro. Por isso a releitura é importante, e eu diria fundamental.
Ao reler um livro, além de notar detalhes que talvez tenha deixado passar da última vez, se você está vivendo em um momento muito diferente do que estava na primeira vez que leu, sua interpretação provavelmente mudará bastante. Será uma experiência nova, como ler um novo livro. Por isso, não cometa o pecado de deixar um livro esquecido na estante depois de lido, releia assim que puder. E se for algo que você não pretende mesmo ler de novo, passe a diante, para que outros mantenham o contínuo daquela história. O importante, é não deixar a história morrer quando você fecha o livro.
Um comentário:
Pura verdade. Tive essa experiência com O Pequeno Príncipe.
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